“Poética do urbano” desvenda novos contornos da fotografia
Priscila Malta, jovem fotógrafa paulistana, assina a exposição “Poética do urbano”, de 02 a 26 de julho, no Club Transatlântico, Rua José Guerra, 130,
Chácara Santo Antônio.
Chácara Santo Antônio.
A exposição é composta por 13 quadros com 14 fotos que retratam cenários urbanos de Berlin, Londres, Miami, Los Angeles e São Paulo. A cena urbana e sua magia seduziram e surpreenderam Priscila Malta, paulistana de berço, que aos 21 anos se declara apaixonada pela fotografia revelada, ou seja, aquela que usa o filme e o líquido revelador para trazer à luz os traços de seu trabalho. “Sempre que posso, uso o filme e a revelação, por mais difícil que isso seja hoje em dia”, declara. “A minha geração só viu a imagem digital, mas revelar um filme como antigamente para mim é uma alquimia que complementa o trabalho de criação”.
Priscila percebe uma similaridade no coração dessas cidades, percepção que fica nítida diante das obras escolhidas para esta mostra. “Outra percepção, esta que considero mais mágica, vem das características humanas desses lugares, pois transcendem as diferenças da língua de cada cultura e se mostram uniformes em cada cena”, descreve a artista. “Nesta exposição há três trabalhos onde eu uso o filme para fotografar. Minha expectativa é ver a reação das pessoas diante dessas obras que fiz com um cuidado especial”, encerra. O trabalho da exposição é o extrato de uma pequena jornada de viagens realizada de um ano para cá.
A escolha das obras para esta, que é a primeira exposição da artista no circuito cultural paulistano, é assinada por Paco de Assis, da Cia. Arte e Cultura. Sob a visão acurada do crítico Oscar D’Ambrosio, o trabalho da artista surpreende em inúmeras nuances.
Veja a análise do crítico, na íntegra:
“A afirmação pode parecer assustadora para alguns, mas é o resultado da observação das imagens da fotógrafa Priscila Malta. Sua percepção do cotidiano de ruas, avenidas e espaços públicos aponta para um lirismo peculiar, marcado principalmente pelo estudo das placas com seus dizeres.
O olhar da artista se volta para as informações expressas das maneiras mais diversas, sempre com o intuito de trazer uma mensagem clara. No entanto, pela forma de se lançar sobre o tema, Priscila nos oferece outra cidade, absolutamente plástica, que se distingue pelo caos, mas ordenada dentro de uma lógica visual própria.
O talento de fotografar reside na capacidade de enxergar o mundo de jeitos diferentes. Há nos trabalhos de qualidade a pratica permanente de um exercício de ver aquilo que para muitos passa despercebido. Reside aí o segredo de exercer uma educação permanente do olhar, oferecendo sempre uma renovação.
A arte de contemplar o espaço metropolitano demonstrada por Priscila Malta se dá em boa parte pela capacidade de retirar da aparente desordem lirismo, seja nos enquadramentos ou nos diálogos entre os ambientes e a palavra. Dessas relações surge um apelo forte, a ser cada vez mais desenvolvido como experiência de linguagem”.
Oscar D’Ambrosio, doutorando em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Mackenzie, é mestre em Artes pela Unesp e integra a Associação Internacional de Críticos de Arte.
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